quinta-feira, 16 de junho de 2011

baseado em Contos Reais

Era uma vez uma menina metade fada, metade princesa. Quando ela cantava, os animais ouviam, mas se recusavam a atender seus pedidos. Já que seu timbre quase grave, quase rouco, mais se assemelhava a uma voz de bruxa, não que ela não fosse.
Atingindo a idade esperada, foi mandada ao reino encantado para um periodo de aprendizado e expulsão de alguns medos. Quem sabe assim conseguiria controlar seus dotes mágicos e quem sabe até voar. Pelo menos foi o que prometeram a pobre garota.
Porém, com su jeito estabanado, sempre fazia tudo errado. O sapo ela transformava em maçã envenenada, da abóbora ela fazia sapatinho de cristal, fora a fofoca. Foi ela por exemplo que publicou no facebbok o polêmico caso do espelho mágico com o lenhador.
E assim, é claro, sua habilitação de fada foi suspensa e suas asas confiscadas até que ela obtivesse certa quantia de dotes como princesa. Para isso, lhe fora apresentado um principe, que, sabendo do histórico da lesada, não deixou por menos. Em seu palácio, tão alto quanto as núvens e as ultimos galhinhos das araucárias que mais parecia um mosteiro zen oriental, ele se esforçava em transformar aquela aberração em um ser no mínimo mais doce.
E por incrível que pareça, talvez por ter se tornado o único a acreditar que ela ainda tinha algum potencial, conseguiu alguns proigressos, tanto em princesisse, quanto em fadisse. Sua confiança era tanta na desvairada que ele, inocente, num descuido, deixou escapar numa conversa o esconderijo onde ele guardava, ou escondia, não sei, as asas confiscadas.
Com tantas mensagens otimistas e tanta credibilidade da parte dele, ela acreditou que já estava apta a reaver o que lhe parecia direito.
Certa noite, depois de uma bebedeira, entrou sorrateiramente no palácio e ali, nos aposentos do principe, usurpou o primeiro par de asas que viu pela frente e saiu pela janela. Obviamente levou alguns tombos, alguns não, vários tombos que ela teve que esconder muito bem para não ser descoberta.
E de lá do alto de sua torre, olhando de cima o reino encantado, ela se esconde enquanto repensa o que fez. Um pouco de culpa pelo roubo e outro pouco pela carreira de princesa que abandonara. Já não sabia se a dor que sentia era das feridas adquiridas nas quedas ou se era a secreta saudade que sentia do principe.
- Ora, que bobagem! Fadas não tem pares românticos! Repetia para si mesma todos os dias enquanto limpava com carinho as asas antes de mais um treino de vôo.
Há alguns dias , num de seus passeios noturnos, a infante se deparou com o cavalo branco do principe na linha do trem, próximo a estação. Lembrou-se imediatamente do principe e de como ele falava das viagens de trem. Também lembrou-se de como seria a conclusão do curso de princesa, um baile em que ela e o principe dançariam a sós pelo salão e ele lhe entregaria uma rosa.
Mas, para a decepção da moçoila, o principe parece ter deixado o reino e ela, como não sabe fazer nada sozinha, acabou quebrando suas asas. E agora, não sendo mais nem fada e nem princesa, ela não tem mais o que fazer neste reino.
Mas antes de partir, ela está a procura do principe para um pedido de desculpa, o mais sincero da vida dela. E também para dizer ao principe, que ele tinha razão. Ela não queria ser fada, só queria ser princesa... mas assim como ela sempre vai ser só metade fada, ela também nunca será uma princesa inteira.

Se você sabe alguma coisa sobre o paradeiro do principe, por favor, entre em contato com a princesa, ou melhor, com a meia princesa.