terça-feira, 27 de julho de 2010

Justa-ativa

Nem a poesia justifica
a falta de vida
Desesperanças, talvez
nunca a desistencia
É preciso existencia
resistencia
Quanto pesa minha dúvida?
Que cheiro tem o pulsar do eu peito?
Que pergunta finalmente faria?
As respostas boiam no teto
como balões de gás hélio
Mas não pousam
E por isso tenho que voar
incansavelmente
À procura do procurar
sem jamais pousar

Porque nada justifica
a falta de justificativa

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Todo dia de manhã

Vejo pela janela mais uma chuva de verão que cai. nem forte, nem fraca, cai apenas pela força da gravidade/gravidez do momento.
Suas gotas/cartas de baralho, quase quentes, em contato com o chão falecem, mas se um leve encostar ocorre com algo vivo causa uma explosão luminosa. Por isso todos saem de suas casas. Já haviam se programado para isso, os jornais anunciaram que cairia a qualquer momento.
Eu também havia me preparado guardando negativos de fotos bonitas como que para asistir um eclipse. Mas este evento não se veria a olho nu, ou nem se veria. Daqui debruçada na janela como sempre não presenciaria nenhuma das explosões.
um pouco antes, quando acordei e vi aquele balé de nuvens se reunindo tranquei a porta apavorada e; depois de ouvir a bateria da escola de samba do meu peito e contabilizar 315 borboletas brincando de pique-pega no meu estômago; respirei o ultimo suspiro cor-de-rosa da padaria e abri a janela.
Lá em baixo mulheres e crianças na chuva gritavam:

- PULA! PULA! PULA! PULA! PULA! PULA! PULA! PÚLA! PULA! PULA! PULA! PULA!

Meu Quarto Minha Cama

Daqui ouço os agudos de um e os graves de outro
e imagino a cena
incompleta

Daqui vejo quatro paredes
geladas
concretas

De vez em quando
uma mão me visita o "clitóris"
que quando palavra
não sei a escrita e nem a pronuncia correta
e não faço questão

Daqui sinto meu mundo imaginado
pensado em detalhes
sentido em partes
quase Arte
quase Arde

De vez em quando um voz me visita o ouvido
e respondo
aos gritos

Sempre acompanhada de rimas
que não são minhas

Ao contrário das mãos
Que, sim, são minhas.

SINESTE(FANTA)SIA

Hoje olhei pro céu e vi uma estrela
sangrando bonita que só

Hoje vi um botão de rosa estourar
amanhã alguém lhe arranca

Hoje eu vi um livro cair no rio
e uma pagina em branco sobrou em minha mão

Hoje ouvi passos apressados
em direção á porta

Hoje ouvi o grito do meu peixe
de dentro do aquário

Hoje mordi o vermelho,
mastiguei o amarelo
e engoli o verde

Hoje conversei em elefantês
com as formigas

Hoje uma estrela caiu
e me queimou as costas/asas

Hoje plantei milho de pipoca
pra amanhã colher algodão

Hoje meus passos de dança
escreveram folhas e mais folhas de árvore

Hoje o barulho das gotas de chuva
ritimou os soluços e as gargalhadas

Hoje tossi uma maçã inteira
que, frequentava meu paito no lugar do coração

Hoje minha voz fez cosquinha
num cantinho da coluna.

À beira da...

Minha realidade não é a mesma que a tua
minha verdade flutua
tem palavra à revelia
nem sempre poesia
Maresia

O inexistente me cultua
anestesia
Me falta poder pra segurar
lugar/alguém pra me agarrar

No inconsciente
imagens produzidas
onipresentes
cozidas
Banho
Maria
"Você é o que você corta."