sábado, 20 de agosto de 2011

Dele

Por que me rondas pensamento vão?
Acaso imaginas que irei transformarte em poesia?
Contrariar-te-ei
Chegaste em péssima hora, diria atrasado
Ou não te lembras que minha poesia agora respira?
inclusive, possui pele e osso também
de carne tem o que baste
E por falar em carne
é justamente feito desse material gosmento
o aparelho que mede o pulso da minha métrica
e distribui inspiração para cada parte do meu corpo
À ti, minha poesia não deixou que sobrasse nada
Pois, com pernas, saiu por aí, vasculhando os caminhos que passei e alguns que ainda passarei
Entreguei à ela por livre e expontânea vontade tudo aquilo que ela nem pediu
De fonemas à versos inteiros, fui dando
memória e invento,
talvez tenha levado por acidente
até um pouco de lamento
Não me culpes
O que farias tu, se por acaso
lhe fugisse algum tesouro?
Escapando por vãos que de tão minusculos não se deixavam ver
Sorrateiramente, minha poesia fugiu
deixando apenas um bilhete escrito:
- Volto mais tarde, se não chover.
por sorte, frequentamos lugares em comum
e a encontro às vezes entre goladas de café ou cerveja
Outras vezes aparece ao meu lado na cama como mágica
Engasgo e recebo seus tapas nas costas,
tenho medo e ela segura minha mão
isso sem contar os ataques de cosquinha imprevistos
Emfim, perdeste teu precioso tempo comigo,
afinal, minha poesia é homem e sua pele me atrai como um imã
E por isso eu rogo ao santo acaso
por mais alguns encontros
Rimas

Minha amada

É, faz tempo que você não me visita
Ou será que sou eu que nunca estou em casa
Ou minto que não estou em casa pra não vê-la
Hoje me deu saudade de quando você vinha
Fiquei lembrando de como você entrava sem bater
e já ia logo me jogando na cama...
Horas e horas sozinha com você
E quando ia embora, ficava aquela sensação gostosa de dever cumprido
me sentia linda com suas visitas
Linda e poderosa
Achava que podia tudo
Que todos me adimiravam!
Mas hoje, depois de algum tempo sem você,
percebo que adimiravam a dupla.
Sozinha, nem me olham
Pensei em te ligar
mas já não sei seu numero
Pensei em te procurar
mas nem imagino onde esteja
Pensei em você
E você veio, não bateu na porta, me jogou na cama e...
Ah! Que bom que você veio inspiração.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Não é justo

Não acho justo que dois seres se unam a tal ponto de serem apenas um
Não acho justo que palavras e poemas pareçam ter o peso de uma rocha e a intensidade de uma cachoeira
Não acho justo que a memória tenha acesso a internet com direito a imagens e comentários
Não acho justo que os portais dos sonhos estejam abertos para ambos invandirem-se em noites distantes
Não acho justo que o cheiro de roupas, acessórios e papéis seja o cheiro dele
Não acho justo que o luar invada meu peito como um dia claro amanhecendo
Não acho justo que o olhar que vejo no espelho não seja o meu
Não acho justo que meu corpo dance a sua música e que minha voz cante sua canção
Não acho justo que ele acelere meu coração quase doendo
Não acho justo não ser essecial para alguém e nem fundamental
Não acho justo que a gangorra não seja um brinquedo individual
Não acho justo que a voz dele me perfure feito um punhal
Não acho justo amar
Não acho justo!
Mas quem sou eu para julgar?

Depois de um tempo

Naquele tempo em que o céu é sempre azul
azul sem branco
Tempo de ypês amarelos que brilham mais que o sol fraco desse quando
Na terra, as sementes brotam tímidas e envergonhadas
Quando as manhãs cantam os passarinhos, lá lá lá lá
Quando os feixes de luz solar que entram pela janela fazem a poeira voar
Tempo em que o rosa-pink das azaléias já começa a se alastrar
Tempode começar a rever as pernocas de fora
mas ainda usar o cachecol
Tempo de estar a tempo, para dar tempo de dar tchau ao sol
Naquele tempo em que, com ele, eu reaprendia o sexo e as maravilhas de se ter alguém na vida
Quando a noite tinha mais cores que o dia
Noites de gente que explodia
Tempo em que eu esquecia que rosas tinham carinho
mas também espinho
E hoje, aqui estou eu,
balbuciando palavras no breu
reaprendendo a andar como uma menina
Quis um dia ser poesia,
mas, como todos neste tempo, pode me chamar de nostalgia.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Crise por tópicos

Olhos vermelhos
voando dentro da gaiola
absurdices cotidianas
café e cigarro
infinitos-efêmeros
chocolate com farofa
varrendo os cacos

Guarda-chuva, guardanapo
teoria
meu lugar
Nostalgia
pé-de-pano, pé-de-pato
Utopia
celular
Roda-viva

Travesseiro travesso
espelho
saudade
cantar
do avesso
Joelho
intimidade
chorar

Enumerar e organizar.

MEU ROL

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Deuses insaciáveis

Quando os deuses amam, não tem raio, chuva ou tsunami que os impeça de amar
Quando os deuses amam, não ficam janelas fechadas, mesmo as que tem grades
Quando os deuses amam, as condições humanas deixam de existir. Não importa a aparencia, o carisma, a inteligencia ou mesmo o sexo do ser amado
Não importa se ele te ama, se ama outro, se não te ama...
Só o que importa é o ser e os nobres momentos ao lado dele

Quando os deuses amam, deixam de ver o ser: vêem a alma.

Quando os deuses amam, não precisam de muito para se alegrar. Uma simples tarde juntos, sem qualquer palavra, passa a ser um momento único e mágico
Quando os deuses amam, não dá pra ficar triste, mesmo nas lágrimas há sorrisos
Quando os deuses amam, as brigas são todas perdoadas e são nelas que o amor cresce ainda mais por conseguir vencê-las
Quando os deuses amam, não importa o distância. Mesmo com um em cada lado do mundo, sempre estão caminhando lado a lado para o mesmo rumo
Quando os deuses amam, um simples "oi" passa a ser "eu te amo" e "eu te amo" pode ser apenas "oi"
Quando os deueses amam... quando eles amam?
Sempre!
Não importa como começou, mas começou:
Já era!
Tá grudado para o resto da vida
E se os deuses são imortais...
Até o para sempre acabar
E se não acabar...

Fotografia

Na casa onde hoje é um buteco
Dizem ter morado uma filha bastarda de tiradentes

Igrejas flutuantes vistas pelas frestas da janela
Elis, Milton, Chico, Ney e mais alguns
cantavam ao pé do ouvido
A cerveja gelada.
Na temperatura (do) ambiente
O assunto: arte!
Jogando papo fora, sabe?
Atrás deles, Drummond olhando de soslaio
Com certeza com um poema pronro na cabeça.

Poderia ser uma cena de um filme, um quadro, um espetáculo ou música
Mas era só vida mesmo

Afinal, todos nós um dia vamos ser só fotografias

É isso!

O que é isso?
Que me faz frente e verso,
menor que um átomo ou maior que o universo

O que é isso?
Que apesar de estar dentro, só aparece por fora
O que é isso que aflora?
E incomoda

Me deixa extasiada, inebriada, embreagada e quase vai embora
Fica assim: reprimido, quieto e escondido dentro de mim

Isso não sabe falar
Isso não sabe porque
Isso só sabe amar e crêr

Livre ao acaso, fico esperando ansiosa por essa coisa buliçosa que me liga ao raro
Faz o medo virar certeza,
faz a dor virar beleza,
faz em mim uma limpeza

A boca a se esticar,
os olhos a se encharcar,
e isso a se inflar

O que é isso em meu rosto
que mostra aos outros o meu arroto?

O que é isso eu não sei,
mas enquanto descubro:
Vivo até onde cheguei.

E?

Tô tentando desengasgar o poema que tá aqui
preso na minha garganta
Mas além de não saber como sair
métrica, rima e sei lá mais o quê
ele ainda não tem nem porquê

Eu sempre me pergunto o que faz alguém querer ser soldado
E sempre me deparo com a palavra amor
Lembrando que ela está sempre muito ligada a palavra ódio
Mas eu, sou soldado do ócio
Quero mudar o mundo
mesmo sabendo que não posso

Vem a crise
Vai a crase

Um carro passa tocando um funk
A perua leva seu cãozinho peludo no colo
Umas gotinhas de chuva molham minhas palavras

e...

Em nós

Tem um mundo lá fora acontecendo
Enquanto o meu mundo acontece aqui dentro
Tem explosões acontecendo
Essas explosões às vezes não vêm de nenhum dos dois mundos
Mas muda toda a ordem dos conjuntos

Tem gente
Tem gestos
Tem sons
Tem vida
E são tantas vidas...

Tem a vida que eu queria ter
Tem a vida que eu tenho
Tem a vida que eu tinha
Tem a vida que eu quero ter
Tem a vida que eu levo
Tem a vida que me leva
Tem vida que chega
E tem vida que vai
E são tantas vidas...

Tem aquela vida que faz parte da minha vida, daquela vida e de outras tantas vidas
E são tantas vidas...

Tem gente que parece que eu conheço de outras vidas
Tem gestos que eu faço e mudam vidas, até mesmo a minha
Tem sons que acompanham a vida
E são tantas vidas...

Todas as vidas estão no mundo, em todo mundo, em todos os mundos
E em cada mundo, um medo
Medo e vida moram juntos
Juntinhos
Colados
Entrelaçados
Enroscados

Em nós.

BRISA

O pé da Brisa vazou

Vazou um pé de brisa

Vazou um pé de vento

Vazou com o vento a brisa

A Brisa indo com o vento

O pé de brisa vazando

Pede, Brisa

Pede pra brisa

Vaza com a Brisa

Enquanto a brisa vaza.

Eu vou...

Socorro!
Estou me engolindo
Depois que passei por cima de mim
Pisotiei
Nem liguei
Fiquei lá
Estendida no chão
Machucada
Chorando
E apesar de não ter morrido
Levantar é ainda mais difícil
Então continuo lá
Até quando?
O mundo exige datas
Que não podem ser adiadas

Preciso correr
Antes que os pés sobre a minha cabeça não sejam os meus.

Quase manhã

Mais uma vez os pássaros cantam
Sinal de que vai amanhecer
E amanhece
Estou sempre amanhecendo
A saudade daquelas manhãs explodidas
Rói meu peito como que quase doendo
Aquelas manhãs que chegavam brutais
Asustando os desavisados
Abrindo a força os corações
Mas hoje amanhece devagar
Como as primeiras 15 páginas de um livro
Quase sonolenta
E me é quase igual, só faltava um punhal.

Comigo

Hoje eu fico mais tempo comigo
Vou à festas, dou festas e sou a festa
Posso escolher com quem falar
Ou simplesmente não falar
Decido o que vou fazer do meu tempo
Beijo pessoas
Tenho amigos
Ouço, danço e canto
Luzes coloridas
Nudez
Mas ainda assim
Hoje fico mais tempo comigo.

Tempo

Já me apaixonei
Já me iludi
Desiludi
Já tomei inumeras xícaras de café
Já fiquei bebada
Já tive crise de choro
Já tive crise de riso
Já chorei de tanto rir
E ri de tanto chorar
Já se foram tantas cores
Tantas palavras
Tantas melodias
Tanta poeira
Tanto mofo
Milhares de bordões

E o corte que o espelho fez em meu dedo continua aqui.

domingo, 31 de julho de 2011

Sobre as janelas/sorrisos

Os dois poemas a seguir "Janela do sorriso I", escrito no ano de 2006 e "Janela do sorriso II" escrito em 2008 foram escritos em homenagem à dois seres encantados, com muita idade e pouca tristeza...

A janela do sorriso II

Hoje a cortina não é mais vinho.
É azul. Um azul escuro e muito forte, que chama atenção.
O ser na janela não é mais ela
É ele. Não foi por um único sorriso.
Foram vários e duradouros.
Duradouros o suficiente para gerar outros.
Outros que, de passagem pela minha janela, em pouco tempo conseguiam captar a imensidão e a beleza daquele sorriso, que vinha sempre acompanhado de um aceno.
As pessoas aqui, não lêem, estudam ou coisa parecida. Apenas respondem acenos e sorrisos também.


Mas, com o tempo, distraída, perdi de vista aquela janela.
E ao reencontrar, encontrei-a durante vários dias fechada.
E quando aberta.
Sem ele.
Em cima da janela, pendurada, uma luminária que se quebrou e está sem lampada.
Em mim, um choro amarrado na garganta.

Doce sorriso, onde você está?

A janela do sorriso I

Olho da janela e vejo outras janelas.

Todas fechadas todos os dias. Até que um dia, sem que ninguém perceba ou sequer olhe para lá, uma janela se abre.

As pessoas aqui continuam a ler, escrever, pensar, falar, estudar. E eu a olhar a janela. Quem a teria aberto? Penso enquanto olho fixamente para o grande mistério da janela aberta.

De repente! Um susto! Tem alguma coisa se mexendo lá e não é a cortina como nos outros dias. Continuo a olhar e então ela surge, linda como uma princesa. Saíra a pouco do banho, eu consigo vê-la arrumando seu vestido florido no corpo.

Ela nem percebe a janela aberta, faz tudo como se cumprisse uma rotina. Pega o creme, passa no rosto com movimentos mais leves que um vôo. E finalmente vê. Já estava olhando a horas, mas agora ela vê. Percebe que tem um admirador a olhar. MOrrendo de vergonha, a única coisa que consigo fazer é dar um sorriso e continuar a admirar aquela bela doçura.

Em resposta ao meu abuso - que invasão a minha! - Ela fita-me com seu olhar terno e caloroso e me dá um lindo sorriso. O sorriso mais lindo que já vi. Que me transmitiu algo grandioso.

Ela continua sua rotina como seu eu não estivesse lá. Deita-se. Provavelmente já estaria dormindo agora. Mas eu continuo aqui, estático, olhando aquela janela com cortinas da cor vinho, a lembrar daquele sorriso lindo e esperando que talvez ela volte.

Até que alguém aparece e fecha a janela.

Crise IN sone

Quero o desabafo

Com bafo e tudo

Dormir de que jeito

Setudo o que eu quero

Eu mesmo rejeito

Trituro o futuro

Com descaso

E ainda que em desespero

Espero


(IN completo)

IN versos:

IN teresse em
IN formações
IN utéis.

(IN completo/ IN terminado/ IN acabado)

quinta-feira, 16 de junho de 2011

baseado em Contos Reais

Era uma vez uma menina metade fada, metade princesa. Quando ela cantava, os animais ouviam, mas se recusavam a atender seus pedidos. Já que seu timbre quase grave, quase rouco, mais se assemelhava a uma voz de bruxa, não que ela não fosse.
Atingindo a idade esperada, foi mandada ao reino encantado para um periodo de aprendizado e expulsão de alguns medos. Quem sabe assim conseguiria controlar seus dotes mágicos e quem sabe até voar. Pelo menos foi o que prometeram a pobre garota.
Porém, com su jeito estabanado, sempre fazia tudo errado. O sapo ela transformava em maçã envenenada, da abóbora ela fazia sapatinho de cristal, fora a fofoca. Foi ela por exemplo que publicou no facebbok o polêmico caso do espelho mágico com o lenhador.
E assim, é claro, sua habilitação de fada foi suspensa e suas asas confiscadas até que ela obtivesse certa quantia de dotes como princesa. Para isso, lhe fora apresentado um principe, que, sabendo do histórico da lesada, não deixou por menos. Em seu palácio, tão alto quanto as núvens e as ultimos galhinhos das araucárias que mais parecia um mosteiro zen oriental, ele se esforçava em transformar aquela aberração em um ser no mínimo mais doce.
E por incrível que pareça, talvez por ter se tornado o único a acreditar que ela ainda tinha algum potencial, conseguiu alguns proigressos, tanto em princesisse, quanto em fadisse. Sua confiança era tanta na desvairada que ele, inocente, num descuido, deixou escapar numa conversa o esconderijo onde ele guardava, ou escondia, não sei, as asas confiscadas.
Com tantas mensagens otimistas e tanta credibilidade da parte dele, ela acreditou que já estava apta a reaver o que lhe parecia direito.
Certa noite, depois de uma bebedeira, entrou sorrateiramente no palácio e ali, nos aposentos do principe, usurpou o primeiro par de asas que viu pela frente e saiu pela janela. Obviamente levou alguns tombos, alguns não, vários tombos que ela teve que esconder muito bem para não ser descoberta.
E de lá do alto de sua torre, olhando de cima o reino encantado, ela se esconde enquanto repensa o que fez. Um pouco de culpa pelo roubo e outro pouco pela carreira de princesa que abandonara. Já não sabia se a dor que sentia era das feridas adquiridas nas quedas ou se era a secreta saudade que sentia do principe.
- Ora, que bobagem! Fadas não tem pares românticos! Repetia para si mesma todos os dias enquanto limpava com carinho as asas antes de mais um treino de vôo.
Há alguns dias , num de seus passeios noturnos, a infante se deparou com o cavalo branco do principe na linha do trem, próximo a estação. Lembrou-se imediatamente do principe e de como ele falava das viagens de trem. Também lembrou-se de como seria a conclusão do curso de princesa, um baile em que ela e o principe dançariam a sós pelo salão e ele lhe entregaria uma rosa.
Mas, para a decepção da moçoila, o principe parece ter deixado o reino e ela, como não sabe fazer nada sozinha, acabou quebrando suas asas. E agora, não sendo mais nem fada e nem princesa, ela não tem mais o que fazer neste reino.
Mas antes de partir, ela está a procura do principe para um pedido de desculpa, o mais sincero da vida dela. E também para dizer ao principe, que ele tinha razão. Ela não queria ser fada, só queria ser princesa... mas assim como ela sempre vai ser só metade fada, ela também nunca será uma princesa inteira.

Se você sabe alguma coisa sobre o paradeiro do principe, por favor, entre em contato com a princesa, ou melhor, com a meia princesa.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Na noite passada, repentinamente, sem avisar, nos quintais dessa cidade...

Naquele dia os sinos das 35 igrejas da cidade tocaram durante todo o dia. Um helicoptero passou rasante sobre a casa amarela. Que amanhecera amarelo-ressaca E depois de ter jogado o verde quase todo no lixo, ela se assustava com a velocidade da rotação celerada da casa. Nenhum arranhão? O tombo da noite passada não havia deixado marcas. Os olhares, os sorrisos, as vozes, ainda frequentavam seus sentidos Toques e acordes distorcidos Havia um relógio? Talves uma vela acesa, mas não, ela não estava morta não havia flores só uma leve falta de ar, o coração desritimado e a não sensibilidade nas pernas Mas ela parecia disposta a descobrir novos movimentos e metodos de locomoção. Voz tinha que ressoava no claro e no escuro. Relembrando as 24 horas que deixara sua vida de cabeça pra baixo. E cada gesto, copo e cor deveria ser bem grafado pois todo enigma só existe para ser desvendado E como ainda havia um mundo inteiro pra resignificar ou não Ela nem parecia a mesma que fora atirada pela janela na noite passada.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Manhã de verão

CABRUM!
(Bocejos)

Pessoas correndo enquanto eu olho da janela
Um fusca vermelho vai na tempestade
Uma folhinha branca que desce o morro todo na enxurrada encostada ao meio-fio
Tudo branco, um vento quase frio.
As árvores dançando.
Ah que barulho maravilhoso
E tanto quanto assustador
O cheiro do asfalto quente encontrando as gotas geladas e apressadas da chuva.

Enquanto o coqueiro quebra e requebra de um lado para o outro,
a mangueira lá no fundo do quintal fica paradinha.
De vez em quando um folhinha da sinal de vida.
Ela é pesada, deve estar carregada de mangas.
Um fusca branco vem na tempestade.

A chuva parando e uma vassoura caída na rampa, que é o único caminho até a mangueira.

Se amanhã fizer sol, vou descer a rampa e chupar manga.

De novo (escrito 01/01/09)

De novo um ano termina
De novo outro começa
De novo faço rimas
De novo alguém despresa
De novo solto fumaça
De novo a chuva passa
E de novo mesmo
Nada...