domingo, 31 de julho de 2011
Sobre as janelas/sorrisos
A janela do sorriso II
É azul. Um azul escuro e muito forte, que chama atenção.
O ser na janela não é mais ela
É ele. Não foi por um único sorriso.
Foram vários e duradouros.
Duradouros o suficiente para gerar outros.
Outros que, de passagem pela minha janela, em pouco tempo conseguiam captar a imensidão e a beleza daquele sorriso, que vinha sempre acompanhado de um aceno.
As pessoas aqui, não lêem, estudam ou coisa parecida. Apenas respondem acenos e sorrisos também.
Mas, com o tempo, distraída, perdi de vista aquela janela.
E ao reencontrar, encontrei-a durante vários dias fechada.
E quando aberta.
Sem ele.
Em cima da janela, pendurada, uma luminária que se quebrou e está sem lampada.
Em mim, um choro amarrado na garganta.
Doce sorriso, onde você está?
A janela do sorriso I
Olho da janela e vejo outras janelas.
Todas fechadas todos os dias. Até que um dia, sem que ninguém perceba ou sequer olhe para lá, uma janela se abre.
As pessoas aqui continuam a ler, escrever, pensar, falar, estudar. E eu a olhar a janela. Quem a teria aberto? Penso enquanto olho fixamente para o grande mistério da janela aberta.
De repente! Um susto! Tem alguma coisa se mexendo lá e não é a cortina como nos outros dias. Continuo a olhar e então ela surge, linda como uma princesa. Saíra a pouco do banho, eu consigo vê-la arrumando seu vestido florido no corpo.
Ela nem percebe a janela aberta, faz tudo como se cumprisse uma rotina. Pega o creme, passa no rosto com movimentos mais leves que um vôo. E finalmente vê. Já estava olhando a horas, mas agora ela vê. Percebe que tem um admirador a olhar. MOrrendo de vergonha, a única coisa que consigo fazer é dar um sorriso e continuar a admirar aquela bela doçura.
Em resposta ao meu abuso - que invasão a minha! - Ela fita-me com seu olhar terno e caloroso e me dá um lindo sorriso. O sorriso mais lindo que já vi. Que me transmitiu algo grandioso.
Ela continua sua rotina como seu eu não estivesse lá. Deita-se. Provavelmente já estaria dormindo agora. Mas eu continuo aqui, estático, olhando aquela janela com cortinas da cor vinho, a lembrar daquele sorriso lindo e esperando que talvez ela volte.
Até que alguém aparece e fecha a janela.
Crise IN sone
(IN completo)