Por que me rondas pensamento vão?
Acaso imaginas que irei transformarte em poesia?
Contrariar-te-ei
Chegaste em péssima hora, diria atrasado
Ou não te lembras que minha poesia agora respira?
inclusive, possui pele e osso também
de carne tem o que baste
E por falar em carne
é justamente feito desse material gosmento
o aparelho que mede o pulso da minha métrica
e distribui inspiração para cada parte do meu corpo
À ti, minha poesia não deixou que sobrasse nada
Pois, com pernas, saiu por aí, vasculhando os caminhos que passei e alguns que ainda passarei
Entreguei à ela por livre e expontânea vontade tudo aquilo que ela nem pediu
De fonemas à versos inteiros, fui dando
memória e invento,
talvez tenha levado por acidente
até um pouco de lamento
Não me culpes
O que farias tu, se por acaso
lhe fugisse algum tesouro?
Escapando por vãos que de tão minusculos não se deixavam ver
Sorrateiramente, minha poesia fugiu
deixando apenas um bilhete escrito:
- Volto mais tarde, se não chover.
por sorte, frequentamos lugares em comum
e a encontro às vezes entre goladas de café ou cerveja
Outras vezes aparece ao meu lado na cama como mágica
Engasgo e recebo seus tapas nas costas,
tenho medo e ela segura minha mão
isso sem contar os ataques de cosquinha imprevistos
Emfim, perdeste teu precioso tempo comigo,
afinal, minha poesia é homem e sua pele me atrai como um imã
E por isso eu rogo ao santo acaso
por mais alguns encontros
Rimas