terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Janela arterial


Ei, Frida,
Pisei nos espinhos
Das rosas que ele me deu
Sangrei no vidro de vinho
Que a gente bebeu

Os quereres se querem
Ferem frutas feridas feras
Proliferam flores sem pudores
Pelos poros
Pela pele entregue
Sussurrantes infartos leves
Calafrios quentes
Subindo espinha acima
Gritos

Prazer de doer
Contornos e encaixes alucinógenos
Sonhos encruados
Unhas afiadas enfiadas nas costas
Gotas em doses homeopáticas

As tatuagens da cic - atriz
Saborosas amoras híbridas
Agora nela.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Janela's mídia player

Nasci com um certo defeito de fabricação
-Odeio escolher!
E isso não é só por ser libriana não.
É um problema difícil de resolver.

Com o passar dos anos
os arquivos de memória
foram aumentando
imagens, músicas, histórias

E eu fui abrindo abas de boné
nas janelas de conexão,
muita informação,
Entre verdades e mentiras
o que realmente é.
Fui traçando trilhas
e tomando café.

Para não precisar decidir,
Passei a vida a incluir.

Fui anexando tudo
um pouco daquilo
um pouco mais disso
Em alguns arquivos, confesso:
-Dei sumiço,
como tomo expresso.

Mas, cada coisa tem sua função
E, como parar amar,
serve o coração,
para sorrir,
a boca deve esticar...

Janelas só prestam
para abrir
se fechar.



quinta-feira, 5 de setembro de 2013

ABACATEIRO ACATAREMOS TEU ATO

cacos engarrafados de um mesmo resto


Aquele verde ainda vibra
O chamado xamã queima
ainda
Ainda restam
Satisfação sobrando
Refazendo o sempre

Com as amoras
gargulantes

Violência leve
que o vento leva

Sobram os cacos nas sombras
Existo
Insisto
Insisto em andar descalço
sobre os cacos de vidro

num fluxo contínuo...

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Assassinato asinado

A voz me foge aos berros de poemas meus
Eus íntimos pendurados em varais alheios

Os ossos, malandros oficiais
marcham trepidando
como matracas de procissão

Alice era o verdadeiro nome de Chirriro
Antes que a bruxa malvada do oeste
tivesse roubado seu sapatinho de cristal

Fadas verdes não estão somente
nas garrafas de absinto
Espadas em punho, capas
Pintos
Não rejeitem nenhuma arma do recinto.

Nesta guerra, os inimigos são certeiros
sinceros em suas flechas
os ponteiros.

saio sambando de saia
caio cambaleando na calha

Nem ferida e nem sangrando
Já combinei com o capitão gancho:

Eu mato a sininho
Ele mata o Peter Pan

E aí a gente cresce.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

O caso

Vou te contar um causo
Ás vezes a mesa precisa de um calço

Volto a caminhar com pés descalços
Ás vezes se aprecia os percalços

Vôos ainda alço
Ás vezes, 
prazeres

Caso
Des caso

Quero o desabafo,
Com bafo e tudo.
Dormir de que jeito
Seu tudo o que eu quero
Eu mesma rejeito
Trituro o futuro
Com descaso
E ainda que em desespero
Espero
Sobretudo
A contradição
Até nos beijos
Sabendo que nada é perfeito.
Contudo,
Poesia é poesia
À qualquer hora do dia
Ou da noite
Peço
Desculpas se te esbarro
Se dou coices
E não bocejos
Na contra-mão
Dos anseios
Parto
Não encaro o defeito
De fabricação
Dos versos
Batendo no peito
Ou exigindo direitos
Em pretextos,
Em acasos,
Em desejos,
Sem abraços
Quão
Contente partiria
Para o leito
Engolindo meu ego
Ou, mais uma vez resistiria
Tentando um contato.

Ok! Me rendo, me entrego!

Rasgo o papel...

De: Mim  mesma (21)
Para: Mim (26)

i 9 a m e n t e...

sábado, 9 de março de 2013

A fabulesia dela


Ela não sabe que está
em constante contato consciente
com seus entes feridos.
Esses seres que nos atravessam
perpassam, ultrapassando os quesitos
de tempo e espaço.
Coniventes cúmplices
de possíveis fracassos.

O toque suave do sopro sonoro
que sai de suas bocas
perfura profundamente
o peito já esburacado
de sua carcaça de louca.

Ela não sabe que grita
sua histeria aguda não conflita,
apenas borbulha em notas
e ajuda
a conviver com as feridas
abertas como janelas.

Seu canto distraído
dispersa os engasgos
transmutando-os
em múltiplos orgasmos
disritimados, que
com suas melodias distorcidas
podem levar a explosão,
espasmos na pulsação
natural e explicita da vida.

Enquanto os passantes,
já passados,
prosseguiram contínuos,
as cores da voz dela ainda perseguirão
seus ouvidos,
seguindo quaisquer destinos.

E por isso ela ainda canta,
diluída, derretida, explodida,
no chão, cercada de formigas.
A pobre cigarra e sua canção.

CONTRADICIONAL

Não me compare!
Não me compre!
Não me coma!

Se, ao se encontrar comigo
na praça ao domingo
e perceber em mim
aquela beleza escancarada
que te atraia sutilmente
e misteriosamente te lembrando
aquela primeira namorada
Me compare sim.

Se o pagamento for
em beijos carícias
e declarações de amor.
Me compre sim,
por favor.

E se, me olhando nos olhos,
ali mesma na cama,
o olhar virar chama
e aos beijos confessar que me ama.
Perdoando os paradoxos
Sim, me coma!

Coleção existencialista


O que me leva a crer?
O que é fé?
No que eu acredito?
Ou por que eu  acredito?
Isso tudo não influencia
no que você sente
A verdade prevalecerá?
Se é que ela existe.
EU EXISTO!
Eu preciso s o b r e v i v e r
viver sobre
as coisas que não podem
me atingir, me ferir
como o real...
Essa mentira que dói de verdade
Mas, a verdade é só mais uma pergunta
Só mais uma interrogação
na minha coleção.                                                                                                                                                                                                                                                  

Parabéns, mulher.


Sabe feromônio?

Eu tenho.
E não é de flor e nem de abelha, não.

É de gente
É de instinto
É de gente do sexo
feminino

Esse tipo de gente que sente,
que sabe que quando a olham na rua querem comê-la.
Esse tipo de gente que sangra
o mundo que irá destruir a santa
Esse tipo de gente que se apaixona perdidamente
e quando se apaixona, se entrega,
se dá.
Esse tipo de gente que guarda a semente
até ela virar flor.
Esse tipo de gente que alimenta.

Esse tipo de gente que sente
ainda e sempre
sente.
Sente muito
por não poder sentir.

INS PIRADA


Estive pensando...

Quero!

Quero asas para voar
Quero cores para pintar
Sua voz para eu dançar

Quero...
Medir minha felicidade pela quantidade de hibiscos que vejo
( a   r e s i s t ê n c i a)
Quero, parar um pouquito pra dançar de qualquer maneira,
pressi necessariamente a mente bailar.
Ver o nascer do sol nos peitos rompendo as manhãs.
Te procurar em cada esquina em cada bar.

Desejando os quereres
num contínuo, constante, gerúndio musicado
e eterno
amando.

Junto com o Branco.