sábado, 9 de março de 2013

A fabulesia dela


Ela não sabe que está
em constante contato consciente
com seus entes feridos.
Esses seres que nos atravessam
perpassam, ultrapassando os quesitos
de tempo e espaço.
Coniventes cúmplices
de possíveis fracassos.

O toque suave do sopro sonoro
que sai de suas bocas
perfura profundamente
o peito já esburacado
de sua carcaça de louca.

Ela não sabe que grita
sua histeria aguda não conflita,
apenas borbulha em notas
e ajuda
a conviver com as feridas
abertas como janelas.

Seu canto distraído
dispersa os engasgos
transmutando-os
em múltiplos orgasmos
disritimados, que
com suas melodias distorcidas
podem levar a explosão,
espasmos na pulsação
natural e explicita da vida.

Enquanto os passantes,
já passados,
prosseguiram contínuos,
as cores da voz dela ainda perseguirão
seus ouvidos,
seguindo quaisquer destinos.

E por isso ela ainda canta,
diluída, derretida, explodida,
no chão, cercada de formigas.
A pobre cigarra e sua canção.

CONTRADICIONAL

Não me compare!
Não me compre!
Não me coma!

Se, ao se encontrar comigo
na praça ao domingo
e perceber em mim
aquela beleza escancarada
que te atraia sutilmente
e misteriosamente te lembrando
aquela primeira namorada
Me compare sim.

Se o pagamento for
em beijos carícias
e declarações de amor.
Me compre sim,
por favor.

E se, me olhando nos olhos,
ali mesma na cama,
o olhar virar chama
e aos beijos confessar que me ama.
Perdoando os paradoxos
Sim, me coma!

Coleção existencialista


O que me leva a crer?
O que é fé?
No que eu acredito?
Ou por que eu  acredito?
Isso tudo não influencia
no que você sente
A verdade prevalecerá?
Se é que ela existe.
EU EXISTO!
Eu preciso s o b r e v i v e r
viver sobre
as coisas que não podem
me atingir, me ferir
como o real...
Essa mentira que dói de verdade
Mas, a verdade é só mais uma pergunta
Só mais uma interrogação
na minha coleção.                                                                                                                                                                                                                                                  

Parabéns, mulher.


Sabe feromônio?

Eu tenho.
E não é de flor e nem de abelha, não.

É de gente
É de instinto
É de gente do sexo
feminino

Esse tipo de gente que sente,
que sabe que quando a olham na rua querem comê-la.
Esse tipo de gente que sangra
o mundo que irá destruir a santa
Esse tipo de gente que se apaixona perdidamente
e quando se apaixona, se entrega,
se dá.
Esse tipo de gente que guarda a semente
até ela virar flor.
Esse tipo de gente que alimenta.

Esse tipo de gente que sente
ainda e sempre
sente.
Sente muito
por não poder sentir.

INS PIRADA


Estive pensando...

Quero!

Quero asas para voar
Quero cores para pintar
Sua voz para eu dançar

Quero...
Medir minha felicidade pela quantidade de hibiscos que vejo
( a   r e s i s t ê n c i a)
Quero, parar um pouquito pra dançar de qualquer maneira,
pressi necessariamente a mente bailar.
Ver o nascer do sol nos peitos rompendo as manhãs.
Te procurar em cada esquina em cada bar.

Desejando os quereres
num contínuo, constante, gerúndio musicado
e eterno
amando.

Junto com o Branco.